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CRM-MA reforça o papel da medicina e das políticas públicas na promoção do envelhecimento saudável e na proteção integral da pessoa idosa

🕊️ “Cuidar dos que vieram antes de nós é zelar pelo futuro que todos desejamos.”
(CRM-MA – Mensagem institucional, Outubro Prata 2025)

Como presidente do Conselho Regional de Medicina do Maranhão (CRM-MA), reafirmo que o Outubro Prata deve ser mais do que uma campanha de um mês: deve se tornar uma agenda permanente de valorização da pessoa idosa, promoção do envelhecimento saudável e combate ao idadismo. Envelhecer é uma conquista, mas exige políticas públicas consistentes, atenção médica integral e respeito à dignidade humana em todas as fases da vida.

O Brasil vive um processo acelerado de envelhecimento populacional. Projeções oficiais mostram que a proporção de pessoas com 60 anos ou mais quase dobrou entre 2000 e 2023, passando de 8,7% para 15,6%, e poderá alcançar 37,8% da população em 2070. A idade média subiu de 28,3 anos em 2000 para 35,5 em 2023, e deve chegar a 48,4 em 2070. O Censo de 2022 já revelou que o contingente de pessoas com 65 anos ou mais cresceu 57,4% em 12 anos, atingindo 10,9% da população. Esses números refletem avanços na expectativa de vida, mas também impõem o desafio de garantir qualidade, autonomia e proteção a esse público.

No cenário internacional, a Década do Envelhecimento Saudável 2021-2030, instituída pela Organização Mundial da Saúde e pelas Nações Unidas, propõe quatro eixos estratégicos: combater o idadismo; criar comunidades amigas da pessoa idosa; oferecer cuidados integrados e centrados na pessoa; e assegurar atenção de longa duração de qualidade para quem dela necessita. No Brasil, diversos estados e municípios vêm aderindo ao Outubro Prata, promovendo ações de valorização, participação social e combate à violência contra idosos.

Entre as prioridades dessa agenda, destaca-se a prevenção de quedas, um dos maiores riscos à saúde e autonomia das pessoas idosas. Estudos nacionais indicam que cerca de 30% das pessoas com 65 anos ou mais caem pelo menos uma vez por ano, e essa taxa chega a 50% entre os maiores de 80 anos. A maioria das quedas ocorre dentro de casa, e muitas resultam em hospitalizações, fraturas e perda de independência. A prevenção requer revisão de medicamentos, correção de problemas visuais e auditivos, exercícios de equilíbrio e força, avaliação do ambiente domiciliar e, quando necessário, suplementação de vitamina D.

Outro pilar essencial é a vacinação ao longo da vida. O calendário nacional de 2025 inclui vacinas contra hepatite B, tétano, difteria, coqueluche, influenza, febre amarela (em casos específicos) e pneumocócicas, conforme indicação clínica. A campanha nacional de 2025 enfatiza a importância de ampliar as coberturas vacinais, que ainda estão abaixo do ideal.

A atenção à pessoa idosa deve ser integrada e centrada na pessoa, com planos individualizados, manejo de doenças crônicas, cuidado com saúde mental, cognição e reabilitação, além de suporte aos cuidadores e coordenação entre os diferentes níveis de atenção. Esse modelo, recomendado pela OMS e pela Política Nacional de Saúde da Pessoa Idosa (Portaria GM/MS nº 2.528/2006), busca assegurar autonomia e independência, objetivos fundamentais do cuidado no Sistema Único de Saúde (SUS).

O Estatuto da Pessoa Idosa (Lei nº 10.741/2003) garante prioridade e proteção integral, com a obrigação compartilhada entre família, sociedade e Estado. No entanto, é necessário ir além da letra da lei e combater ativamente o idadismo, forma de discriminação que marginaliza os idosos e limita seu acesso a oportunidades, serviços e respeito.

O Outubro Prata também deve chamar atenção para a violência contra idosos, que inclui negligência, abusos físicos, psicológicos, financeiros e institucionais. Cabe aos profissionais de saúde notificar e encaminhar os casos, fortalecendo redes de proteção e políticas públicas.

No Maranhão, o CRM-MA conclama as unidades de saúde a implementar linhas de cuidado específicas para a população idosa, com avaliação multidimensional, reconciliação medicamentosa, vacinação atualizada e rastreamento de depressão e declínio cognitivo. Aos gestores públicos, cabe investir em ambientes urbanos adaptados, fortalecer a atenção domiciliar e criar centros de convivência e programas de alfabetização digital. À sociedade, é imperativo combater o preconceito etário, garantir inclusão e promover o envelhecimento ativo. Às famílias e cuidadores, recomenda-se buscar apoio técnico e capacitação para proporcionar segurança e qualidade de vida no domicílio.

Como afirma a Organização Mundial da Saúde: “A Década do Envelhecimento Saudável da ONU (2021-2030) busca reduzir as desigualdades em saúde e melhorar a vida dos idosos, suas famílias e comunidades por meio de ações coletivas em quatro áreas…”E, segundo o Estatuto da Pessoa Idosa: “É obrigação da família, da comunidade, da sociedade e do Poder Público assegurar ao idoso, com absoluta prioridade, a efetivação do direito à vida…”.

O envelhecimento saudável é um direito e um compromisso coletivo. Que o Outubro Prata inspire, no Maranhão e no Brasil, ações permanentes de cuidado, respeito e inclusão. O CRM-MA reforça seu compromisso com a formação de profissionais capacitados, com a defesa intransigente dos direitos das pessoas idosas e com a articulação de políticas que façam do nosso estado um território verdadeiramente amigo da longevidade.

“Nenhum país pode prosperar se deixar para trás aqueles que o construíram.”

— Organização das Nações Unidas / Organização Mundial da Saúde, Decade of Healthy Ageing (2021)

 

Dr. José Albuquerque de Figueiredo Neto
Presidente do Conselho Regional de Medicina do Maranhão
CRM 2758

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