A medicina é uma profissão de alto estresse, e os médicos apresentam um maior risco de depressão e burnout do que o resto da população. A pandemia da COVID 19 acentuou esta condição. Nos EUA, a percentagem de médicos com pelo menos uma manifestação de esgotamento aumentou 43% em relação à era pré-Covid-19 — e essa tendência parece ter se mantido após a pandemia.

Médicos apresentam altas taxas de sofrimento mental, com seis em cada 10, tendo sentimentos de burnout, e quase um quarto disse estar deprimidos. Morremos por suicídio em taxas superiores às da população em geral, sendo o risco das mulheres duas vezes superior ao dos homens. Dados americanos de 2022, apontam que um em cada 10 médicos disse ter pensado ou tentado suicídio.

No Brasil, dados recentes mostram que 69,4% dos médicos já apresentaram sinais de depressão durante a vida e para metade dos entrevistados a condição ainda é uma realidade: 26,8% têm um diagnóstico atual e 23,4% manifestam sintomas, mas não fazem acompanhamento.

Os fatores de stress relacionados ao trabalho médico, incluem longas horas de trabalho, cargas de trabalho extensas, a crescente intensidade e complexidade do trabalho, contato incansável com problemas de saúde e emergências dos pacientes, elevados níveis de responsabilidade, mudanças rápidas nos cuidados de saúde, restrições institucionais como discriminação e intimidação, falta de autonomia, baixos níveis de apoio, perda de satisfação no trabalho, baixo moral e incapacidade de cuidar de suas vidas pessoais.

Mais recentemente, grandes mudanças nos ambientes de prática significam que temos cada vez menos controle sobre como e quanto trabalhamos, acarretando mais sofrimento relacionado com o trabalho. Além disso, maus-tratos no trabalho também desempenham um papel no declínio da saúde mental. Os médicos têm relatado um aumento no assédio no local de trabalho, seja por colegas, pacientes ou familiares dos pacientes, o que aumenta drasticamente a probabilidade de ansiedade, depressão ou burnout.

Paradoxalmente, para uma profissão sujeita a tantos fatores de estresse, existem também tantas barreiras para obter alívio. Falta-nos tempo e motivação, além do medo do impacto na rotina de atuação profissional, são os principais motivos para não buscarmos ajuda ou tratamento.

É, portanto, urgente que coloquemos todos: conselhos, sociedades de especialidades, e provedores de serviços médicos, este tema como prioridade para implementarmos medidas para a prevenção, diagnóstico precoce e o tratamento dos médicos com agravos a saúde mental.

Dr. José Albuquerque de Figueiredo Neto
Presidente do CRM-MA

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